quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

QUEBRANDO PARADIGMAS PARA SER FELIZ (ou salvo)

Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”.

Mateus 5.20


Quem reconhece Jesus como o Salvador é feliz e quer espalhar essa alegria a todas as pessoas (Jo 4.4l – 42). A mulher samaritana é um bom exemplo disso, ela após conhecer Jesus sai a pregar o que ouviu dele e arrebata uma multidão levando-os a ouvi-lo (vs. 39). Não houve da parte dessa mulher nenhum preconceito por ele ser judeu, não houve problema também por ele ser homem e falar com ela (o que não era comum na época), muito menos, não houve resistência quando Jesus mostrou que Deus não seria adorado como ela aprendeu em sua cidade (vs.9 e 20), mas sim de uma nova forma, em Espírito e em verdade (vs. 23). Como podemos observar não havia barreiras nem valores pessoais entre o ensino de Jesus e aquela mulher, porque simplesmente ela estava aberta para o novo e por isso encontrou a felicidade da salvação.

Entretanto há tantas pessoas que não conseguem encontrar felicidade mesmo “conhecendo” a Jesus como Salvador. Isso ocorre porque essas pessoas vivem aprisionadas pela religiosidade. Nãodúvidas de que o que impede muitas dessas pessoas de terem um conhecimento pleno de Jesus Cristo, e, portanto da verdadeira alegria da salvação, é o fato de elas terem certas idéias - crenças, valores, gostos - e preconceitos que tornam virtualmente impossível que venham a obter ou experimentar esse conhecimento e essa alegria da salvação em todas as áreas da suas vidas. Pois para experimentar essa transformação e alegria na vida é preciso que mudemos as nossas idéias e transformemos os nossos valores segundo a vontade e o ensino de Jesus (Rm 12.2). O que não ocorre com todos...

Infelizmente, há aquelas pessoas que são “formatadas”, que têm idéias, princípios e limites pré-estabelecidos, e, portanto, tudo o que ocorre em suas vidas “religiosas” deve caber dentro desses limites, ou então será rejeitado. Essas pessoas na verdade são apenas religiosos em busca de algo que supra a sua sede espiritual e para isso seguem regras impostas por outros líderes ou por si mesmos. Seja qual for a crença os “religiosossão sempre assim: sofrem de visão estreita, suas idéias são inflexíveis, são pessoas amargas e rudes; para estes ninguém que pense diferente deles pode ser bom ou estar certo; para estes existe uma única forma de cultuar a Deus, a sua própria; para estes nãoamor ao próximo se este pensar diferente dele; para estes nem mesmo o próprio Jesus pode ser bom se não estiver em comum acordo com eles (Mt 11.7-19).

Alguns destes religiosos conseguem viver sem nenhuma demonstração de sentimento, apenas cumprem as suas rotinas diárias seguindo um roteiro preestabelecido (Lc. 18.11-12), checando item por item os seus passos de forma que se sintam bem consigo mesmos, empazcom Deus e realizados. Dessa forma eles fecham as suas mentes e as cortinas da alma de tal forma que a luz e a alegria não podem entrar. Não podem entrar porque estas pessoas encontram gozo em si mesmos, no cumprimento dos seus rituais. Para estes a religião é mecânica, fria e monótona, com total ausência de sentimentos, só racionalidade. Nãoalegria em seus cultos e consecutivamente nãotambém alegria em suas vidas, pois a alegria de conhecer o Salvador do mundo não abundou em suas almas áridas de amor. Por isso este tipo de pessoa não consegue levar adiante o que recebeu da parte de Deus, ou seja, a salvação para outras pessoas - se é que recebeu (Mt 23.13) - e muito menos sentirem-se perdoados por Deus, pois vivem como se sempre faltasse algo a se fazer para se sentirem completamente limpos e santos.O que estes religiosos não entendem é que o significado de “exceder a justiça dos fariseus” é a justiça de Cristo no seu cumprimento da Lei em nosso lugar. Isso porque somos totalmente dependentes de Jesus para nossa salvação e santificação.

Nicodemos que era fariseu e vivia na estrita observância da Escritura e também da tradição oral descobriu isso, pois, para mim, ele entendeu que para ter salvação (entrar no Reino) não bastava saber que Jesus era Mestre, não bastava saber que ele fez muitos milagres e isso da parte de Deus (Jo 3.2), não bastava ter conhecimento Bíblico (Jo 3.1), mas precisava nascer de novo (Jo 3.6). Provavelmente Nicodemos converteu-se, pois no Evangelho de João capítulo 7.50 está relatado que Nicodemos fez uma interpelação ao conselho de sacerdotes perguntando se era justo uma pessoa ser julgada sem ser ouvida, demonstrando que a conversa com Jesus o fez pensar e olhar além de si mesmo e de seus valores, e mais a frente o mesmo João relata que o Nicodemos (Jo 19.38-42) junto com José de Arimatéia ungiu e preparou Jesus colocando-o no túmulo. A possibilidade é que Nicodemos compreendeu a mensagem dita por Jesus na noite do encontro com ele quando este lhe disse:


E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna. Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.14-16).


Analisando os fatos podemos concluir que após ver Jesus levantado no madeiro, possivelmente, Nicodemos abandonou as suas crenças, valores, preconceitos e tradição e abraçou a no Filho de Deus. Isso porque observamos que não houve empecilhos para que Nicodemos acolhesse o corpo morto de Jesus nos seus braços e preparasse-o para a sua ressurreição. A conclusão que chegamos é que jamais, jamais! Um fariseu se disporia a tocar no corpo de umpecador” que morreu por se dizer Filho de Deus, e ainda mais, a gastar dinheiro, pois o texto relata que Nicodemos levou cem libras de mirra e aloés para ungir Jesus e prepará-lo para o sepulcro.


Portanto, queridos amigos, quero desejar a todos nós que quebremos as amarras da religiosidade e que abracemos ao Senhor em novidade de vida.


Feliz 2010.

domingo, 11 de outubro de 2009

A PREGAÇÃO FIEL DA SÃ DOUTRINA




Haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas”.

2 Timóteo 4.3-4

Vivemos em uma época em que a injustiça e o engano têm imperado em meio à sociedade. Nem mesmo a pregação do Evangelho escapou. Homens infiéis têm pregado sermões distorcidos para atrair mais e mais pessoas as suasigrejas”. Freqüentemente Jesus é apresentado como alguém que vai satisfazer todas as necessidades e desejos dos homens, e pior, alguns dizem que Ele não exige nada do homem em troca, tornando a Graça de Deus, em graça barata, que não muda a vida do adorador. Muitos Pastores por medo de perderem as suas ovelhas, não confrontam mais os seus rebanhos, têm medo de serem mal interpretados e de perderem com isso o “emprego”.

A verdade é que a razão humana diz que os ouvintes têm que ser conquistados e precisam ouvir o que gostam, por isso falar de pecado está fora de “moda”, porque não ganha mais a simpatia do povo. Isso nos leva a triste conclusão: o que nós estamos precisando irremediavelmente é de sermões centralizados em Deus; de pregações centralizadas na mensagem do texto bíblico, não de sermões feitos para agradar a homens. Por isso é necessário pregações que sejam centralizadas na pessoa de Cristo, em sua vida e obra. É necessário pregações que contemplem o confronto ao pecado e dêem ênfase na justificação pela em Cristo, pela graça somente sem obras ou méritos humanos. É necessário pregações que contenham declarações sinceras e explícitas que a espiritualidade começa com a regeneração, após o novo nascimento, e que somente pessoas que nasceram de novo e foram verdadeiramente regeneradas pelo Espírito Santo de Deus é que podem realmente se santificar, crescer espiritualmente e ter comunhão íntima com Ele. É necessário pregações que façam os homens entender que a santificação ocorre de forma progressiva e é representada pelo abandono dos hábitos do mundo (Rm 12.2) para imitar a Jesus Cristo, pois Ele é o paradigma da vida cristã não nenhum outro homem, por mais belo que seja o seu testemunho. Jesus é quem deve ser pregado sempre! Ele é o motivo do sermão, do culto e da vida dos adoradores, o resto são as demais coisas (Mt 6.24-34). É necessário pregar assim porque quando pregamos a sã doutrina somos honrados pelo Espírito Santo e este, por sua vez, aplica na vida dos eleitos a salvação e a santificação sem a qual ninguém verá a Deus (Hb 12.14). É necessário pregar assim porque dessa forma encontraremos as pessoas que desejam adorar a Deus em espírito e em verdade (Jo 4.23) e querem desfrutar verdadeiramente da sua comunhão.

Contudo, devemos estar cientes de que quando pregarmos assim muitos não ouvirão a nossa pregação, porque sentirão coceira nos ouvidos e buscarão outros que preguem sermões água com açúcar, os quais agradem aos seus corações corruptos e desejosos de riqueza e de prosperidade material. O deus destes é o próprio ventre.

Os que pertencem ao Senhor Jesus são diferentes, estes suportam a pregação da sã doutrina porque nela reconhecem a voz do bom Pastor e se deliciam em ouvi-lo falar (Jo 10.27) ficando desejosos de fazer a sua vontade e viver para Ele e não mais para si mesmos. Devemos estar cientes também de que pregando assim talvez as nossas igrejas não cresçam tão rápido (ou mesmo nem cresçam), mas se crescerem será pela vontade soberana de Deus e não por meios humanos, psicológicos ou emocionais. Ao crescer essa igreja não será um inchaço ondeapenas sangue morto como num hematoma, será sim uma Igreja viva e pulsante cheia do Espírito e da presença do Deus Vivo. Lembrem-se disso!

Portanto, sejamos fiéis a pregação da sã doutrina da Palavra, cientes de que quando pregamos dessa forma em nossos púlpitos estaremos fazendo a vontade de Deus em Cristo, pregando a sua Verdade como arautos do Seu Reino.

Ao Cordeiro seja a Glória!


sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O RESULTADO DO ABANDONO DOS CREDOS E CONFISSÕES





Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”.

Pv. 22.28

Salve amigos,

Estou de volta a minha cidade e cheio de desejo de escrever. Os dias no Mackenzie foram muito inspirativos, revi velhos amigos, recebi ensino de velhos mestres etc.. Dentre estes o Rev. Hermisten Maia P. da Costa que nos deu aula da disciplina Estudo Comparado das Confissões. estudando uma matéria importante como essa é que podemos ter a idéia real do que está acontecendo na igreja moderna, sobretudo no Brasil. Um dos alunos, de denominação batista, disse: “Hoje vejo o tamanho do problema que as igrejas batistas estão enfrentando, pois há uma miscelânea de doutrinas nas igrejas e um dos motivos foi justamente o abandono dos Símbolos de Fé”. Uma triste constatação que infelizmente não ocorreu somente com os batistas, mas com todas as igrejas brasileiras que resolveram dar mais ênfase ao poder do “espírito” do que nos marcos da igreja.

Pensei sobre isso enquanto escrevia o post anterior (Abadia de Westminster), daí me fiz a seguinte pergunta: Se muitos não conhecem a história da igreja, nem sabem o significado dos credos e confissões, como saberão doutrina? Infelizmente essa é uma das marcas da igreja cristã moderna.

Charles Colson em seu novo livro comenta:


“A maioria dos cristãos declarados não sabe em que crêem e por isso não conseguem nem compreender nem defender a cristã – muito menos vivenciá-la. Muito do que dizemos aos não crentes não representa o verdadeiro cristianismo. E a maioria deles tira as suas impressões sobre a cristã dos estereótipos e caricaturas que a cultura popular produz”. [1].


Por causa dessa constatação Colson teve o desejo de escrever um livro que descrevesse a que “de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd. 3). Uma que olha para trás baseada na Palavra de Deus e na história da Igreja. Para Colson estas são as bases que mantêm os servos do senhor nos trilhos da ortodoxia e livres do erro e do engano. Pois o único meio de se saber a verdade é com o estabelecimento de doutrinas, definições, paradigmas. Disso advém a necessidade de se conhecer doutrina, história e credos (1 Pe. 3.15).

Um bom exemplo disso está na Epístola de Judas. Este ao perceber que alguns indivíduos tentavam transformar a graça de Deus em libertinagem (vs.4) negando Jesus Cristo como único Soberano e Senhor, além de muitas outras heresias, ele apela para que os santos do Senhor se lembrem do ensino dos apóstolos e não se deixem contaminar pelas heresias dos últimos tempos (vs.17-18). Na verdade o que poderia destruir as suas vidas era o abandono do ensino apostólico, o abandono da doutrina.

Assim ocorre nos dias modernos. Igrejas que são filhas da Reforma Protestante abandonaram os Símbolos de das Igrejas Reformadas, isso trouxe muitos prejuízos a cristã. Os cristãos hoje estão raquíticos, sem substancia e levados para todo lado por ventos de doutrina (Ef. 4.14) justamente por que não conseguem definir bem o que crêem.

No passado todo aquele que desejava fazer profissão de fé tinha que estudar o Catecismo Maior e passar por uma série de perguntas referentes a doutrina. Graças a Deus em algumas igrejas ainda é assim. Infelizmente essa não é a realidade da grande maioria, muitos trabalham assuntos seculares nas Escolas Bíblicas Dominicais (isso quando há); falam de sexo, atualidades, política etc. tudo o que é estudado nas escolas e faculdades (não que eu seja contra isso, acredito que devem ser feitas palestras sobre o assunto), contudo, há uma inversão de valores, paramos de estudar a Palavra de Deus para estudar o que é ensinado no mundo secular. Fica-se conjeturando sobre tudo e tece-se todo o tipo de argumento, entretanto, penso eu, isto é uma total perda de tempo. O que se precisa é estudar os Credos, a Confissão de Fé e os Catecismos, pois são estas as bases da forma de pensar da Igreja, estes são os alicerces fiéis para a elaboração de argumentos que os crentes usarão contra a sabedoria do mundo (1 Cor. 1.19-21).

Enfim, a remoção dos Credos e Confissões da igreja, ou seja, das bases doutrinárias, sob o pretexto de tornar a igreja maislivre”, mais “evangelizadora”, maisacessível”, menosortodoxa” e fundamentalista, não a fez mais forte, pelo contrário, a igreja cristã está exposta a todos os tipos de infiltrações. Ela precisa de “anticorposeficazes e estes são justamente os marcos antigos colocados pela Reforma Protestante, que de forma verdadeira, solidificou o ensino daqueles que seguem a Cristo Jesus. Esse foi o intuito de todos os credos e confissões que existiram (ver post anterior), eles serviram como estudos relativos à fé cristã e ao mesmo tempo combatinham as ênfases ou ensinos errados que tentavam aflorar no seio da igreja [2].

Portanto reafirmo, por favor, não removam os marcos antigos que puseram os nossos pais, ensinem a Bíblia Sagrada e os Símbolos de , pois dessa forma seremos muito mais eficazes na exposição da fé que nos foi dada por nossos pais.

Soli Deo Gloria.



[1] COLSON, Charles; FICKETT, Harold, A em Tempos Pós-Modernos, Ed. Vida, São Paulo, 2009, p. 9.

[2] Cf. At. 2.42; Rm 6.17; Ef 4.5; Fp 2.16; Cl 2.7; 2Ts 2.15; 1Tm 4.6,16; 6.20; 2Tm 1.13,14; 4.3; Tt 1.9.