“Porquevos digo que, se a vossajustiçanãoexcederemmuito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”.
Mateus 5.20
Quem reconhece Jesus como o Salvador é feliz e querespalhar essa alegria a todas as pessoas (Jo 4.4l – 42). A mulhersamaritana é umbomexemplo disso, elaapósconhecer Jesus sai a pregar o que ouviu dele e arrebata uma multidão levando-os a ouvi-lo (vs. 39). Não houve da parte dessa mulhernenhumpreconceitoporeleserjudeu, não houve problematambémporeleserhomem e falarcomela (o que nãoeracomum na época), muitomenos, não houve resistênciaquando Jesus mostrou que Deusnão seria adorado comoela aprendeu emsuacidade (vs.9 e 20), massim de uma novaforma, emEspírito e emverdade (vs. 23). Como podemos observarnão havia barreirasnemvalorespessoaisentre o ensino de Jesus e aquela mulher, porquesimplesmenteela estava abertapara o novo e por isso encontrou a felicidade da salvação.
Entretanto há tantas pessoas que não conseguem encontrarfelicidademesmo “conhecendo” a Jesus comoSalvador. Isso ocorre porque essas pessoas vivem aprisionadas pela religiosidade. Não há dúvidas de que o que impede muitas dessas pessoas de terem umconhecimentopleno de Jesus Cristo, e, portanto da verdadeira alegria da salvação, é o fato de elas terem certasidéias - crenças, valores, gostos - e preconceitos que tornam virtualmenteimpossível que venham a obterouexperimentaresseconhecimento e essa alegria da salvação em todas as áreas da suasvidas. Poisparaexperimentar essa transformação e alegria na vida é preciso que mudemos as nossas idéias e transformemos os nossosvaloressegundo a vontade e o ensino de Jesus (Rm 12.2). O que não ocorre comtodos...
Infelizmente, há aquelas pessoas que são “formatadas”, que têm idéias, princípios e limites pré-estabelecidos, e, portanto, tudo o que ocorre emsuasvidas “religiosas” deve caberdentro desses limites, ouentão será rejeitado. Essas pessoas na verdadesãoapenasreligiososembusca de algo que supra a suasedeespiritual e para isso seguem regras impostas poroutroslíderesouporsimesmos. Seja qual for a crença os “religiosos” sãosempreassim: sofrem de visãoestreita, suasidéiassãoinflexíveis, sãopessoas amargas e rudes; paraestesninguém que pense diferente deles pode serbomouestarcerto; paraestes existe uma únicaforma de cultuar a Deus, a suaprópria; paraestesnão há amor ao próximo se estepensardiferente dele; paraestesnemmesmo o próprio Jesus pode serbom se não estiver emcomumacordocomeles (Mt 11.7-19).
Alguns destes religiosos conseguem viversem nenhuma demonstração de sentimento, apenas cumprem as suasrotinasdiárias seguindo umroteiro preestabelecido (Lc. 18.11-12), checando itemporitem os seuspassos de forma que se sintam bemconsigomesmos, em “paz” comDeus e realizados. Dessa formaeles fecham as suasmentes e as cortinas da alma de talforma que a luz e a alegrianão podem entrar.Não podem entrarporque estas pessoas encontram gozoemsimesmos, no cumprimento dos seusrituais. Paraestes a religião é mecânica, fria e monótona, comtotalausência de sentimentos, só racionalidade. Não há alegriaemseuscultos e consecutivamentenão há tambémalegriaemsuasvidas, pois a alegria de conhecer o Salvador do mundonão abundou emsuasalmas áridas de amor. Por isso este tipo de pessoa não consegue levar adiante o que recebeu da parte de Deus, ou seja, a salvação para outras pessoas - se é que recebeu (Mt 23.13) - e muitomenos sentirem-se perdoados porDeus, pois vivem como se sempre faltasse algo a se fazerpara se sentirem completamentelimpos e santos.O que estesreligiososnão entendem é que o significado de “exceder a justiça dos fariseus” é a justiça de Cristo no seucumprimento da Leiemnossolugar. Isso porque somos totalmentedependentes de Jesus paranossa salvação e santificação.
Nicodemos que erafariseu e vivia na estritaobservância da Escritura e também da tradiçãooral descobriu isso, pois, paramim, ele entendeu que parater salvação (entrar no Reino) não bastava saber que Jesus eraMestre, nãobastava saber que ele fez muitosmilagres e isso da parte de Deus (Jo 3.2), nãobastava terconhecimento Bíblico (Jo 3.1), mas precisava nascer de novo (Jo 3.6). Provavelmente Nicodemos converteu-se, pois no Evangelho de João capítulo 7.50 está relatado que Nicodemos fez uma interpelação ao conselho de sacerdotes perguntando se erajusto uma pessoaser julgada semserouvida, demonstrando que a conversacom Jesus o fez pensar e olharalém de simesmo e de seusvalores, e mais a frente o mesmo João relata que o Nicodemos (Jo 19.38-42) juntocom José de Arimatéia ungiu e preparou Jesus colocando-o no túmulo. A possibilidade é que Nicodemos compreendeu a mensagemditapor Jesus na noite do encontrocomelequandoestelhe disse:
“E do modopor que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vidaeterna. PorqueDeus amou ao mundo de talmaneira que deu o seuFilhounigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vidaeterna” (Jo 3.14-16).
Analisando os fatos podemos concluir que apósver Jesus levantado no madeiro, possivelmente, Nicodemos abandonou as suascrenças, valores, preconceitos e tradição e abraçou a fé no Filho de Deus. Isso porque observamos que não houve empecilhospara que Nicodemos acolhesse o corpomorto de Jesus nosseusbraços e preparasse-o para a suaressurreição. A conclusão que chegamos é que jamais, jamais! Umfariseu se disporia a tocar no corpo de um “pecador” que morreu por se dizerFilho de Deus, e aindamais, a gastardinheiro, pois o texto relata que Nicodemos levou cemlibras de mirra e aloésparaungir Jesus e prepará-lo para o sepulcro.
Portanto, queridosamigos, quero desejar a todosnós que quebremos as amarras da religiosidade e que abracemos ao Senhoremnovidade de vida.
“Haverá tempoem que não suportarão a sã doutrina; pelocontrário, cercar-se-ão de mestressegundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceiranosouvidos; e se recusarão a darouvidos à verdade, entregando-se às fábulas”.
2 Timóteo 4.3-4
Vivemos em uma épocaem que a injustiça e o engano têm imperado emmeio à sociedade. Nemmesmo a pregação do Evangelho escapou. Homens infiéis têm pregado sermões distorcidos paraatrairmais e maispessoas as suas “igrejas”. Freqüentemente Jesus é apresentado comoalguém que vai satisfazer todas as necessidades e desejos dos homens, e pior, alguns dizem que Elenão exige nada do homememtroca, tornando a Graça de Deus, emgraçabarata, que nãomuda a vida do adorador. MuitosPastorespormedo de perderem as suasovelhas, não confrontam mais os seusrebanhos, têm medo de serem mal interpretados e de perderem com isso o “emprego”.
A verdade é que a razãohumana diz que os ouvintes têm que ser conquistados e precisam ouvir o que gostam, por isso falar de pecado está fora de “moda”, porquenãoganhamais a simpatia do povo. Isso nosleva a tristeconclusão: o que nós estamos precisando irremediavelmente é de sermões centralizados emDeus; de pregações centralizadas na mensagem do texto bíblico, não de sermõesfeitosparaagradar a homens. Por isso é necessáriopregações que sejam centralizadas na pessoa de Cristo, emsuavida e obra. É necessáriopregações que contemplem o confronto ao pecado e dêem ênfase na justificaçãopelaféemCristo, pelagraçasomentesemobrasouméritoshumanos. É necessáriopregações que contenham declarações sinceras e explícitas que a espiritualidadecomeçacom a regeneração, após o novo nascimento, e que somentepessoas que nasceram de novo e foram verdadeiramente regeneradas peloEspíritoSanto de Deus é que podem realmente se santificar, crescerespiritualmente e tercomunhãoíntimacomEle. É necessáriopregações que façam os homensentender que a santificação ocorre de formaprogressiva e é representada peloabandono dos hábitos do mundo (Rm 12.2) paraimitar a Jesus Cristo, poisEle é o paradigma da vida cristã nãonenhumoutrohomem, pormaisbelo que seja o seutestemunho. Jesus é quem deve ser pregado sempre! Ele é o motivo do sermão, do culto e da vida dos adoradores, o restosão as demaiscoisas (Mt 6.24-34). É necessáriopregarassimporquequando pregamos a sã doutrina somos honrados peloEspíritoSanto e este, porsuavez, aplica na vida dos eleitos a salvação e a santificaçãosem a qualninguém verá a Deus (Hb 12.14). É necessáriopregarassimporque dessa forma encontraremos as pessoas que desejam adorar a Deusemespírito e emverdade (Jo 4.23) e querem desfrutar verdadeiramente da suacomunhão.
Contudo, devemos estarcientes de que quando pregarmos assimmuitosnão ouvirão a nossapregação, porque sentirão coceiranosouvidos e buscarão outros que preguem sermõeságuacomaçúcar, os quais agradem aos seuscoraçõescorruptos e desejosos de riqueza e de prosperidade material. O deus destes é o próprioventre.
Os que pertencem ao Senhor Jesus sãodiferentes, estes suportam a pregação da sã doutrinaporque nela reconhecem a voz do bomPastor e se deliciam em ouvi-lo falar (Jo 10.27) ficando desejosos de fazer a suavontade e viverparaEle e nãomaisparasimesmos.Devemos estarcientestambém de que pregando assimtalvez as nossas igrejasnão cresçam tãorápido (oumesmonem cresçam), mas se crescerem será pelavontadesoberana de Deus e nãopormeioshumanos, psicológicosouemocionais. Ao crescer essa igrejanão será uminchaçoonde há apenassanguemortocomo num hematoma, será sim uma Igrejaviva e pulsante cheia do Espírito e da presença do DeusVivo. Lembrem-se disso!
Portanto, sejamos fiéis a pregação da sã doutrina da Palavra, cientes de que quando pregamos dessa formaemnossospúlpitos estaremos fazendo a vontadede DeusemCristo, pregando a suaVerdadecomoarautos do SeuReino.
“Não removas os marcosantigos que puseram teuspais”.
Pv. 22.28
Salveamigos,
Estou de volta a minhacidade e cheio de desejo de escrever. Os dias no Mackenzie foram muito inspirativos, revi velhosamigos, recebi ensino de velhosmestres etc.. Dentreestes o Rev. Hermisten Maia P. da Costa que nos deu aula da disciplinaEstudo Comparado das Confissões. Só estudando uma matériaimportantecomo essa é que podemos ter a idéiareal do que está acontecendo na igrejamoderna, sobretudo no Brasil. Um dos alunos, de denominaçãobatista, disse: “Hoje vejo o tamanho do problema que as igrejasbatistas estão enfrentando, pois há uma miscelânea de doutrinas nas igrejas e um dos motivos foi justamente o abandono dos Símbolos de Fé”. Uma tristeconstatação que infelizmentenão ocorreu somentecom os batistas, mascom todas as igrejas brasileiras que resolveram darmaisênfase ao poder do “espírito” do que nosmarcos da igreja.
Pensei sobre isso enquanto escrevia o post anterior (Abadia de Westminster), daí me fiz a seguinte pergunta: Se muitosnão conhecem a história da igreja, nem sabem o significado dos credos e confissões, como saberão doutrina? Infelizmente essa é uma das marcas da igreja cristã moderna.
Charles Colson emseunovolivro comenta:
“A maioria dos cristãos declarados não sabe em que crêem e por isso não conseguem nemcompreendernemdefender a fé cristã – muitomenos vivenciá-la. Muito do que dizemos aos nãocrentesnão representa o verdadeirocristianismo. E a maioria deles tira as suasimpressõessobre a fé cristã dos estereótipos e caricaturas que a culturapopular produz”. [1].
Porcausa dessa constatação Colson teve o desejo de escreverumlivro que descrevesse a fé que “de uma vezpor todas foi entregue aos santos” (Jd. 3). Uma fé que olhaparatrásbaseada na Palavra de Deus e na história da Igreja. Para Colson estas são as bases que mantêm os servos do senhornostrilhos da ortodoxia e livres do erro e do engano. Pois o únicomeio de se saber a verdade é com o estabelecimento de doutrinas, definições, paradigmas.Disso advém a necessidade de se conhecerdoutrina, história e credos (1 Pe. 3.15).
Umbomexemplo disso está na Epístola de Judas. Este ao perceber que algunsindivíduos tentavam transformar a graça de Deusemlibertinagem (vs.4) negando Jesus CristocomoúnicoSoberano e Senhor, além de muitas outras heresias, eleapelapara que os santos do Senhor se lembrem do ensino dos apóstolos e não se deixem contaminar pelas heresias dos últimostempos (vs.17-18). Na verdade o que poderiadestruir as suasvidasera o abandono do ensino apostólico, o abandono da doutrina.
Assim ocorre nosdiasmodernos. Igrejas que são filhas da Reforma Protestante abandonaram os Símbolos de Fé das Igrejas Reformadas, isso trouxe muitosprejuízos a fé cristã. Os cristãoshoje estão raquíticos, sem substancia e levadosparatodoladoporventos de doutrina (Ef. 4.14) justamentepor que não conseguem definirbem o que crêem.
No passado todo aquele que desejava fazer profissão de fé tinha que estudar o Catecismo Maior e passar por uma série de perguntas referentes a doutrina. Graças a Deus em algumas igrejas ainda é assim. Infelizmente essa não é a realidade da grande maioria, muitos trabalham assuntos seculares nas Escolas Bíblicas Dominicais (isso quando há); falam de sexo, atualidades, política etc. tudo o que é estudado nas escolas e faculdades (não que eu seja contra isso, acredito que devem ser feitas palestras sobre o assunto), contudo, há uma inversão de valores, paramos de estudar a Palavra de Deus paraestudar o que é ensinado no mundosecular. Fica-se conjeturando sobretudo e tece-se todo o tipo de argumento, entretanto, pensoeu, isto é uma totalperda de tempo. O que se precisa é estudar os Credos, a Confissão de Fé e os Catecismos, poissão estas as bases da forma de pensar da Igreja, estessão os alicerces fiéis para a elaboração de argumentos que os crentes usarão contra a sabedoria do mundo (1 Cor. 1.19-21).
Enfim, a remoção dos Credos e Confissões da igreja, ou seja, das bases doutrinárias, sob o pretexto de tornar a igrejamais “livre”, mais “evangelizadora”, mais “acessível”, menos “ortodoxa” e fundamentalista, não a fez maisforte, pelocontrário, a igreja cristã está exposta a todos os tipos de infiltrações. Elaprecisa de “anticorpos” eficazes e estessão justamente os marcosantigos colocados pela Reforma Protestante, que de forma verdadeira, solidificou o ensino daqueles que seguem a Cristo Jesus. Esse foi o intuito de todos os credos e confissões que já existiram (ver post anterior), eles serviram como estudos relativos à fé cristã eao mesmotempo combatinham as ênfases ou ensinos errados que tentavam aflorar no seio da igreja [2].
Portanto reafirmo, porfavor, não removam os marcosantigos que puseram os nossospais, ensinem a BíbliaSagrada e os Símbolos de Fé, pois dessa forma seremos muitomaiseficazes na exposição da fé que nos foi dada por nossos pais.
Soli Deo Gloria.
[1] COLSON, Charles; FICKETT, Harold, A FéemTempos Pós-Modernos, Ed. Vida, São Paulo, 2009, p. 9.