sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O RESULTADO DO ABANDONO DOS CREDOS E CONFISSÕES





Não removas os marcos antigos que puseram teus pais”.

Pv. 22.28

Salve amigos,

Estou de volta a minha cidade e cheio de desejo de escrever. Os dias no Mackenzie foram muito inspirativos, revi velhos amigos, recebi ensino de velhos mestres etc.. Dentre estes o Rev. Hermisten Maia P. da Costa que nos deu aula da disciplina Estudo Comparado das Confissões. estudando uma matéria importante como essa é que podemos ter a idéia real do que está acontecendo na igreja moderna, sobretudo no Brasil. Um dos alunos, de denominação batista, disse: “Hoje vejo o tamanho do problema que as igrejas batistas estão enfrentando, pois há uma miscelânea de doutrinas nas igrejas e um dos motivos foi justamente o abandono dos Símbolos de Fé”. Uma triste constatação que infelizmente não ocorreu somente com os batistas, mas com todas as igrejas brasileiras que resolveram dar mais ênfase ao poder do “espírito” do que nos marcos da igreja.

Pensei sobre isso enquanto escrevia o post anterior (Abadia de Westminster), daí me fiz a seguinte pergunta: Se muitos não conhecem a história da igreja, nem sabem o significado dos credos e confissões, como saberão doutrina? Infelizmente essa é uma das marcas da igreja cristã moderna.

Charles Colson em seu novo livro comenta:


“A maioria dos cristãos declarados não sabe em que crêem e por isso não conseguem nem compreender nem defender a cristã – muito menos vivenciá-la. Muito do que dizemos aos não crentes não representa o verdadeiro cristianismo. E a maioria deles tira as suas impressões sobre a cristã dos estereótipos e caricaturas que a cultura popular produz”. [1].


Por causa dessa constatação Colson teve o desejo de escrever um livro que descrevesse a que “de uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd. 3). Uma que olha para trás baseada na Palavra de Deus e na história da Igreja. Para Colson estas são as bases que mantêm os servos do senhor nos trilhos da ortodoxia e livres do erro e do engano. Pois o único meio de se saber a verdade é com o estabelecimento de doutrinas, definições, paradigmas. Disso advém a necessidade de se conhecer doutrina, história e credos (1 Pe. 3.15).

Um bom exemplo disso está na Epístola de Judas. Este ao perceber que alguns indivíduos tentavam transformar a graça de Deus em libertinagem (vs.4) negando Jesus Cristo como único Soberano e Senhor, além de muitas outras heresias, ele apela para que os santos do Senhor se lembrem do ensino dos apóstolos e não se deixem contaminar pelas heresias dos últimos tempos (vs.17-18). Na verdade o que poderia destruir as suas vidas era o abandono do ensino apostólico, o abandono da doutrina.

Assim ocorre nos dias modernos. Igrejas que são filhas da Reforma Protestante abandonaram os Símbolos de das Igrejas Reformadas, isso trouxe muitos prejuízos a cristã. Os cristãos hoje estão raquíticos, sem substancia e levados para todo lado por ventos de doutrina (Ef. 4.14) justamente por que não conseguem definir bem o que crêem.

No passado todo aquele que desejava fazer profissão de fé tinha que estudar o Catecismo Maior e passar por uma série de perguntas referentes a doutrina. Graças a Deus em algumas igrejas ainda é assim. Infelizmente essa não é a realidade da grande maioria, muitos trabalham assuntos seculares nas Escolas Bíblicas Dominicais (isso quando há); falam de sexo, atualidades, política etc. tudo o que é estudado nas escolas e faculdades (não que eu seja contra isso, acredito que devem ser feitas palestras sobre o assunto), contudo, há uma inversão de valores, paramos de estudar a Palavra de Deus para estudar o que é ensinado no mundo secular. Fica-se conjeturando sobre tudo e tece-se todo o tipo de argumento, entretanto, penso eu, isto é uma total perda de tempo. O que se precisa é estudar os Credos, a Confissão de Fé e os Catecismos, pois são estas as bases da forma de pensar da Igreja, estes são os alicerces fiéis para a elaboração de argumentos que os crentes usarão contra a sabedoria do mundo (1 Cor. 1.19-21).

Enfim, a remoção dos Credos e Confissões da igreja, ou seja, das bases doutrinárias, sob o pretexto de tornar a igreja maislivre”, mais “evangelizadora”, maisacessível”, menosortodoxa” e fundamentalista, não a fez mais forte, pelo contrário, a igreja cristã está exposta a todos os tipos de infiltrações. Ela precisa de “anticorposeficazes e estes são justamente os marcos antigos colocados pela Reforma Protestante, que de forma verdadeira, solidificou o ensino daqueles que seguem a Cristo Jesus. Esse foi o intuito de todos os credos e confissões que existiram (ver post anterior), eles serviram como estudos relativos à fé cristã e ao mesmo tempo combatinham as ênfases ou ensinos errados que tentavam aflorar no seio da igreja [2].

Portanto reafirmo, por favor, não removam os marcos antigos que puseram os nossos pais, ensinem a Bíblia Sagrada e os Símbolos de , pois dessa forma seremos muito mais eficazes na exposição da fé que nos foi dada por nossos pais.

Soli Deo Gloria.



[1] COLSON, Charles; FICKETT, Harold, A em Tempos Pós-Modernos, Ed. Vida, São Paulo, 2009, p. 9.

[2] Cf. At. 2.42; Rm 6.17; Ef 4.5; Fp 2.16; Cl 2.7; 2Ts 2.15; 1Tm 4.6,16; 6.20; 2Tm 1.13,14; 4.3; Tt 1.9.





terça-feira, 25 de agosto de 2009

Abadia de Westminster (Foto do Blog)


Algumas pessoas têm me perguntado o porquê desta foto no meu blog, aqui respondo.

Mais do que o local do relógio Bigben, marca postal de Londres, este é o Palácio de Westminster também conhecido como Casas do Parlamento, (em inglês Houses of Parliament) é o local onde estão instaladas as duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido (a Câmara dos Lordes e a Câmara dos Comuns). O palácio fica situado na margem Norte do Rio Tamisa, no Borough da Cidade de Westminster próximo de outros edifícios governamentais ao longo da Whitehall. onde se encontra a Abadia de Westminster. Um local importantíssimo para a reforma protestante, principalmente para os de confissão reformada calvinista. Pois foi neste local que reuniu-se a Assembléia de Westminster. foram redigidos a Confissão de Westminster, assim como os documentos Catecismos Maior (1648), Breve Catecismo (1647) e o Diretório de Culto.

A Assembléia de Westminster foi organizada por teólogos e civis reunidos na Abadia de Westminster, Inglaterra, por convocação do Parlamento Britânico. Esta assembléia reuniu-se de 1 de junho de 1643 a 22 de fevereiro de 1648[1]. A Assembléia foi aberta no sábado, 01/07/1643, quando pregou o Dr. William Twisse (1575-1646), que iria ser o moderador da Assembléia até a sua morte em julho de 1646 quando foi substituído por Mr. Herle, ele baseou o seu sermão no Texto de Jo 14.18, "Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós".

A Assembléia funcionou realizando 1163 sessões regulares, sem contar as inúmeras reuniões de comissões e subcomissões[2]. Trabalharam na elaboração da Confissão, 121 teólogos e trinta leigos nomeados pelo Parlamento, a saber: 20 da Casa dos Comuns e 10 da Casa dos Lordes feita em 12/06/1643); e, também 8 representantes escoceses, quatro pastores e quatropresbíteros – sendo que dois deles nunca tomaram assento[3] – que, mesmo sem direito a voto, exerceram grande influência. (nomeação

Os principais debates desta Assembléia não foram de ordem teológica, que praticamente todos eram Calvinistas, mas sim no que se refere ao governo da Igreja. Neste particular havia quatro partidosEpiscopais: James Ussher (1581-1656), Brownrigg, Westfield, Prideaux; Presbiterianos: T. Cartwright (1535-1603), Walter Travers representados; os (1548-1635), etc.; Independentes: (Congregacionais) T. Goodwin (1594-1665); P. Nye (1596-1672); J. Burroughs (1599-1646), W. Bridge (1600-1670), S. Sympson; Erastianos: Assim chamados por seguirem o pensamento do T. Erasto (1524-1583), que defendia a supremacia do Estado sobre a Igreja, J. Selden (1584-1654), Whitelocke, J. Lightfoot (1602-1675). Prevaleceu, no entanto, o sistema Presbiteriano de Governo.

O Breve Catecismo foi elaborado para instruir as crianças; O Catecismo Maior, especialmente para a exposição no púlpito, ainda que não exclusivamente. Eles substituíram em grande parte os Catecismos e Confissões mais antigos adotados pelas igrejas Reformadas de fala inglesa. É importante lembrar que ambos os catecismos são resumos da Confissão de , elaborados para fins didáticos.

Estes Credos foram logo aprovados pela Assembléia Geral da Igreja da Escócia, a Confissão em 27 de Agosto de 1647 e os Catecismos Maior e Breve em 28 de julho de 1648, sendo este ato homologado pelo Parlamento Escocês em 07 de fevereiro de 1749. Eles tiveram e têm uma grande influência no mundo de fala inglesa, principalmente entre os Presbiterianos, embora também tenham sido adotados por diversas igrejas batistas e congregacionais[4].

Os documentos produzidos na assembléia foram de estrema importância para a Igreja Protestanteséculo XVI, pois o uso dos Catecismos e Confissões trouxe um parâmetro doutrinalpara a e o culto das Igrejas Presbiterianas de derivação inglesa e escocesa em todo o mundo. Reformada do estabelecido

É importante salientar também que existiam confissões anteriores a de Westminster, dentreelas[5]: Os Sessenta e Sete Artigos Zwinglianos (15 23), o Catecismo Maior de Lutero (1529), Confissão de Augsburg redigido por Felipe Melanchthon (1530), Confissão de Genebra feita por João Calvino e Farel (1536), Catecismo da Instrução na (1537) catecismo escrito por Calvino pouco depois de se radicar em Genebra, A Confissão da Guanabara (1558) escrita por quatro huguenotes que faziam parte da França Antártica, A Confissão Galicana (1559) adotada pela Igreja Reformada da França, A Fórmula de Concórdia (1577) elaborada por uma equipe de teólogos em 1577 como uma declaração aos Artigos da Confissão de Augsburgo, A Confissão Escocesa (1560) produzida a pedido do Parlamento Escocês como parte da Reforma da Igreja e teve como participante da comissão o reformador John Knox, A Confissão Belga (1561) escrita por Guido de Brès que se tornou o documento oficial do Protestantismo Reformado Holandês, O Catecismo de Heidelberg (1563) principal documento da Igreja Reformada Alemã. Foi escrito por Zacarias Ursinus e Gaspar Olevianus a pedido do príncipe Frederico III, A Segunda Confissão de Helvética (1564) escrita por Johann Heinrich Bullinger também a pedido de Frederico III, Os Cânones de Dort (1619) que foram redigidos pelo Sínodo de Dort que se reuniu em Dordrecht por autoridade dos Estados Gerais dos Países Baixos, Holanda, dentre outras. Contudo se estudarmos estas versões vemos que elas foram escritas em sua maioria por um único autor, enquanto que a Confissão de de Westminster foi feita por 120 teólogos deferentes, de diversos paises, com o desejo de unificar a e culto Reformado.

A Confissão de de Westminster compõe-se de 33 capítulos cujos temas podem ser classificados da seguinte forma: a Escritura Sagrada (Cap. 1), o Ser de Deus e suas obras (2-5), o pecado e a salvação (6-8), a Aplicação da obra da salvação (9-15), a Vida Cristã (16-21), o Cristão na Sociedade (22-24), a Igreja e os Sacramentos (25-29), a Disciplina Eclesiástica e os Concílios (30-31), e as Últimas Coisas (32-33).

Pronto! Matei a curiosidade.

Abraços.



[1] HODGE; Alexander, A Confissão de Comentada, Ed. Os Puritanos,

São Paulo, 1999, p. 38.

[2] KERR, Guilherme; A Assembléia de Westminster, São Paulo, Ed. Fiel, 1984, p. 18.

[3] KERR, 1984, p. 12.

[4] No Brasil, estes Credos são adotados pela Igreja Presbiteriana do Brasil,

Presbiteriana Independente e Presbiteriana Conservadora com exceção do Diretório de Culto de Westminster.

[5] COSTA, Hermisten M. P. da; A Igreja Presbiteriana do Brasil e os Símbolos de , p. 50.

Apostila de Classe, material não editado.