quarta-feira, 3 de julho de 2013

JESUS REJEITA A RELIGIOSIDADE



"O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado".
Marcos 2.23-28

As autoridades religiosas da época de Jesus testaram-no para saber se ele era fiel as Escrituras. O que estava em discussão era que Deus, em seu ato criador, separou o sétimo dia dos outros, e por isso a humanidade teria a obrigação especial de observar o sábado (Domingo após a ressurreição de Jesus). Esse mandamento baseia-se na vontade de Deus expressa no quarto mandamento que diz: "Lembra-te do dia de sábado, para o santificar", pois o próprio Deus assim "abençoou o dia de sábado e o santificou" (Ex 20.8-11).
É importante ressaltar que essa lei veio para dizer que ninguém deve trabalhar no sábado.  A pergunta que nos aparece é: o que é trabalho? Os rabinos em seu desejo de obedecer a Deus em cada detalhe de suas vidas, buscaram definir quais atividades eram proibidas por qual mandamento. Suas discussões levaram à criação de 39 categorias principais de trabalhos proibidos no sábado. Mais tarde essas categorias foram definidas em maiores detalhes. O que fica claro era que a acusação dos fariseus diz respeito especificamente àquilo que é proibido no sábado. Hoje também há muitas "leis" que explicitamente determinam o que se deve ou não ser feito no domingo.
O que é importante entendermos é que os interlocutores de Jesus estavam presos às suas tradições.  Entretanto com base na própria Escritura, Jesus defende a sua atitude, assim chamada "fora da lei" com dois argumentos. O primeiro é um apelo ao precedente do rei Davi, uma das figuras mais respeitadas na história judaica. O segundo é um apelo ao princípio da criação. (v. 27, cf. 10.6).
Fugindo da ira do rei Saul, Davi e seus homens estavam famintos e necessitados (1 Sm 21.1 -6). A urgência da situação justificou a quebrar das regras. Da mesma forma, Jesus e seus discípulos estão viajando: sua missão é urgente, pois o Evangelho deve ser proclamado. Sua missão justifica quebrar as restrições religiosas.
A partir daí Jesus estabelece a premissa básica sobre o real propósito do sábado, um princípio já ilustrado na experiência de Davi: "O sábado foi feito para o homem; e não o homem para o sábado." O sábado foi destinado a suprir as necessidades da humanidade em relação a Deus: é um dia de renovação em santidade (Ex 31.12-17). O sábado também enfatizava os relacionamentos humanos e a justiça social (cf. Dt 5.12-15). O sábado foi o presente de Deus para homem e mulher, pois ele sabia o que suas criaturas necessitavam. Deus ordenou um dia em sete para que, ao quebrar a pesada rotina do dia-a-dia, eles pudessem manter o equilíbrio físico, psicológico, social e espiritual. Era um dia de descanso para todos, tanto escravos quanto livres, tanto homens como mulheres, e até mesmo para os animais.
É importante compreendermos que o sábado era funcional; foi criado em benefício do povo. Ao legislar o código rabínico, entretanto, as autoridades religiosas perderam a visão do propósito de Deus ao criar o sábado. As diretrizes de Deus para a liberdade foram distorcidas em cadeias que escravizavam as pessoas. As leis dominavam a observação do sábado.
Jesus rejeita qualquer reordenação na criação de Deus . Em virtude da autoridade que Deus lhe deu, ele esclarece qual é a ordem correta. Suas duas declarações: "O sábado foi feito para o homem" e "O Filho do Homem é senhor do sábado", significam que:
1 - O sábado foi criado para o benefício das pessoas. Essa é a intenção de Deus ao criá-lo;
2 - As pessoas são servidas e abençoadas no sábado; não escravizadas por ele;
3- A reivindicação de Jesus como senhor do sábado é uma reivindicação à deidade, pois como todo Israel sabia, Deus criou o sábado;
4 - Jesus, o Filho do Homem, é senhor sobre a Humanidade e sobre o sábado. O sábado deve servir às pessoas, que, por sua vez, devem servir a Deus.
Portanto, o Evangelho liberta aqueles que têm sido manipulados pelo legalismo religioso, tanto quanto liberta as pessoas despersonalizadas por forças políticas ou econômicas. A reconciliação com Deus restaura os indivíduos à sua posição de clímax do ato criativo de Deus. Quando os homens dão prioridade pessoal ao governo de Deus na pessoa de Jesus, eles têm o potencial para se tornarem pessoas completas e livres de qualquer tradição humana ou religiosa.
Pense nisso!

Rev. João Luiz A. Coelho


Adaptado do livro Série Cultura Bíblica - Dewey M. Mulholland - Marcos - Introdução e Comentário, Ed. Vida Nova, pag. 63-65.

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